Thursday, February 04, 2016

A HIDRA CONSTRUTIVISTA


Não vai funcionar. Já foi testado no mundo inteiro e não funcionou. Como não funcionou no resto do mundo os gênios vão testar com as nossas criancinhas. Essa negócio aí se chama construtivismo e não funciona. Há 50 anos sabe-se que o construtivismo não funciona. Mas com o construtivismo acontece a mesma coisa que com o socialismo. Mesmo sabendo que o troço não funciona, de tempos em tempos aparecem uns gênios querendo implementá-lo. Muda o nome, mas a essência continua sempre a mesma: construtivismo, aprendizagem colaborativa, aprendizagem por descoberta, aprendizagem baseada em projetos etc. O negócio é uma verdadeira praga. Tipo assim uma Hidra de Lerna, cujas inúmeras cabeças ressurgem imediatamente à medida que vão sendo decepadas.




Por que o construtivismo não funciona? Há uma ampla literatura documentando e explicando os motivos para o fracasso do construtivismo (Christodoulou, 2014, Hattie, 2009, Sweller et al., 2011, Willingham, 2009), aqual foi sintetizada por Haase e cols. (2015, vide também Haase & Júlio-Costa, 2015). Basicamente, o construtivismo não funciona porque não fornece a estrutura necessária para a aprendizagem, sobrecarregando a capacidade de processamento de informação do aluno. O aluno precisa dividir recursos cognitivos escassos entre descobrir a solução para problemas complexos e pouco estruturados e aprender. Acaba não aprendendo. 

Um outro motivo é o desprezo pelo conhecimento factual e a ênfase no processo, independentemente de conteúdo. Os resultados da ciência cognitiva enfatizam a importância do conhecimento factual para a aprendizagem. O vocabulário, p. ex., é o principal fator que influencia a compreensão textual. Sem memorização e resgate automático dos fatos aritméticos não tem como progredir na matemática. 

Os mais prejudicados por essa filosofia perniciosa são os mais pobres, os menos inteligentes e as crianças que têm dificuldades específicas de aprendizagem. Os alunos mais brilhantes aprendem por conta própria, não precisam de pedagogia para aprender. Os alunos que têm dificuldades não aprendem porque não se lhes fornece a instrução e o treinamento necessários. Os colégios militares e militarizados são uma alternativa muito mais eficiente, que surgiu recentemente no Brasil.

O Brasil é um país curioso. Temos na nossa história, um sujeito genial, do bem, o fundador da educação no Brasil, que é o Padre José de Anchieta. Por alguma razão o PT acha que o Anchieta não é bom que chega para ser oficialmente nomeado "Patrono da Educação Brasileira". Talvez porque ele fosse um indivíduo caridoso, culto, correto, trabalhador, que se alinhasse com a tradição civilizatória ocidental. Daí eles foram buscar o energúmo do Paulo Freire para ocupar essa nobre função. A idéia genial do Paulo Freire foi postular que a educação não deve se restringir à mera transmissão do conhecimento. Não, a educação tem uma missão muito mais nobre. A educação deve ser instrumentalizada para a engenharia social, deve ser usada como veículo para doutrinação e propagação de uma ideologia. Enquanto isso, a revolução socialista não vem e os alunos continuam sem aprender. Mas não é por falta de tentar. Sempre que tem uma coisa que não dá certo lá fora, tem um povo aqui no Brasil que resolve experimentar.



Referências

Christodoulou, D. (2014). Seven myths about education. London: Routledge / The Curriculum Centre.

Haase, V. G., & Júlio-Costa, A. (2015). Ciência cognitiva e educação: um diálogo necessário, porém muito difícil. Rio de Janeiro: Associação Brasileira do Déficit de Atenção.

Haase, V. G., Lima, B. A.C. R. & Júlio-Costa, A. (2015). A lenda do construtivismo. In R. Ekuni, L. Zeggio & O. F. A. Bueno (eds.) Caçadores de neuromitos. O que você sabe sobre o seu cérebro é verdade? (pp. 153-166).São Paulo: Mennon.

Hattie, J. C. (2009). Visible learning. A synthesis of over 800 meta-analyses relating to achievement. London: Routledge.

Sweller, J., Ayres, P., & Kalyuga, S. (2011). Cognitie load theory. New York: Springer.

Willinhgam, D. T. (2009). Why don't students like the school? A cognitive scientis naswers questons about how the mind workds and what it means for the classroom. San Francisco: Jossey-Bass.

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