TÍTULO: Como as crianças aprendem?
Bases neurocognitivas das ferramentas culturais da cidadania
DOCENTE: Vitor Geraldi Haase
DATA PROVÁVEL: Segunda semana de julho
de 2016
LOCAL: FAFICH-UFMG
INSCRIÇÕES: Aguarde
EMENTA: Mecanismos neurocognitivos
subjacentes às quatro habilidades escolares básicas que constituem
pré-requisito para a cidadania. Importância do conhecimento (hábitos, fatos e
conceitos, habilidades e procedimentos) e da memória de trabalho para a
aprendizagem escolar. Bases cognitivas dos métodos de aprendizagem cultural
(imitação, instrução e colaboração). Limites da abordagem construtivista.
PROGRAMA: Como as crianças aprendem a
Ler e escrever palavras e números
Contar, resolver operações e memorizar
os fatos
Compreender textos
Resolver problemas
Por que o construtivismo não funciona?
ARGUMENTO: Nas últimas décadas a
escola vem se transformando progressivamente em um instrumento de engenharia
social. A educação foi subordinada à causa da “justiça social”. O objetivo de
transmissão de conhecimento, do legado cultural de uma geração para outra, foi
ficando cada vez mais em segundo plano. O processo educacional corre o risco de
se desfigurar em “problematização” das relações de poder, de gênero, de classe,
de raça etc. Quando a escola deixa de priorizar a transmissão de conhecimento,
os alunos são privados do acesso ao mesmo e, portanto, da sua principal oportunidade
de qualificação profissional e ascensão social.
Individuos sem acesso ao conhecimento
e habilidades escolares básicas - que não sabem ler e escrever as palavras e os
números, que não sabem fazer contas e resgatar os fatos aritméticos, que não
conseguem compreender um texto ou resolver problemas aritméticos da vida diária
- também não têm acesso à cidadania. São condenados ao clientelismo de
programas sociais e à vassalagem a políticos populistas. Paroxalmente, a
instrumentalização da educação em ferramenta para a “justiça social” pode ter
como efeito colateral justamente o oposto daquilo que supostamente é almejado.
Ou seja, a cristalização da desigualdade social.
A relevância das habilidades e do
conhecimento para a aprendizagem escolar é apoiada pelas pesquisas em ciências
cognitivas: a) As habilidades de decodificação fonológico-ortográfica são uma
condição indispensável para a alfabetização e fluência de leitura; b) A
compreensão textual depende do vocabulário; c) A leitura enriquece o vocabulário
e desenvolve a inteligência; d) A disponibilidade de habilidades e
conhecimentos reduz a sobrecarga de memória de trabalho, facilitando o
processamento de informação e a memorização; e) A memorização dos fatos
aritméticos e automatização dos algoritmos são essenciais para a aprendizagem
de formas mais complexas de matemática; f) A resolução de problemas aritméticos
verbalmente formulados depende das habilidades de compreensão textual etc.
As crianças adquirem muitas
habilidades e conhecimentos de forma espontânea, no contexto da interação
social na família e com seus pares. As habilidades aprendidas espontaneamente
na interação social são chamadas de biologicamente primárias e podem ser
exemplificadas pela linguagem oral e pelo conceito de número. Outras
habilidades e conhecimentos requerem, entretanto, instrução mais formal,
constituindo o domínio biologicamente secundário. Constituem exemplos de
habilidades biologicamente secundárias, a lectoescrita, o sistema numérico
arábico, os algoritmos e a resolução de problemas.
As habilidades biologicamente
secundárias precisam ser aprendidas de forma epigenética, através de
intervenções pedagógicas. Se a pedagogia descuida dos objetivos de ensinar
habilidades e conhecimentos, os alunos não adquirem as ferramentas culturais
básicas, que lhes permitiriam funcionar em um mundo cada vez mais complexo e
desafiador. A análise dos fundamentos neurocognitivos das habilidades escolares
básicas auxilia na compreensão dos obstáculos à sua aprendizagem.
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