O Richard D. Alexander, nascido em 1929,
professor emérito da Universidade de Michigan e um dos meus ídolos
intelectuais, disponibilizou na internet suas principais publicações (http://www.richarddalexander.com/).
O Richard D. Alexander é um dos cofundadores da sociobiologia e autor
da hipótese da supremacia ecológica para explicar a evolução humana.
Seus principais livros de interesse psicológico são “Darwinism and human
affairs” de 1979 e “Biology of moral systems” de 1985.
A hipótese da supremacia ecológica, é o
melhor palpite de que dispomos para explicar a evolução da inteligência
geral. A idéia do Richard D. Alexander é a seguinte. A partir de um
determinado momento na evolução a espécie humana adquiriu supremacia
ecológica. Ou seja, eliminou a concorrência e adquiriu controle sobre os
recursos naturais. A partir deste momento, a principal pressão de
seleção passou a ser intraespecífica e não mais interespecífica. O
sucesso evolutivo passou a exigir controle crescente sobre os recursos
ecológicos e sociais disponíveis bem como a produção de novos recursos.
Isto favoreceu a evolução de mecanismos cognitivos adequados para lidar
com os desafios da vida em grupos sociais progressivamente maiores e
mais complexos. Isto é, desafios relacionados à cooperação e à
competição intraespecífica. A interação social se caracteriza pela
imponderabilidade. Não dá pra lidar com os outros e com os grupos
sociais apenas no piloto automático. Houve a necessidade então, de
evoluir mecanismos controlados de processamento, que permitissem formas
mais deliberadas e estratégicas de processamento de informação. Daí que
surgiu a inteligência geral.
Uma consequência importante da supremacia
ecológica é o surgimento da cultura e de uma evolução cultural
progressivamente acelerada. O acúmulo de cultura resultou no surgimento
de uma pedagogia, isto é, de uma tecnologia para transferir o legado
cultural das gerações anteriores para as subsequentes. O legado cultural
cumulativo não pode ser adquirido apenas no piloto automático. Ou seja,
para enfrentar os desafios do Mundo contemporâneo não basta adquirir de
forma espontânea, através da interação social natural, aquelas
habilidades que constituem o repertório biológico primário da natureza
humana. Há a necessidade de um esforço deliberado e estratégico no
sentido de adquirir fatos, conceitos e habilidades cada vez mais
complexas. Para isto é que existe a pedagogia. A pedagogia deve ensinar
às crianças aquilo que elas não aprenderiam por conta própria. Ninguém
precisa ser ensinado para adquirir habilidades para as quais está
geneticamente programado. O pulo do gato é adquirir habilidades, tais
como a lectoescrita e a aritmética, que constituem derivativos
culturais, exaptações para as quais o nosso cérebro não está
geneticamente programado.
A abordagem construtivista ignora completamente o legado evolutivo da espécie humana.
Se fosse tomado ao pé da letra, o construtivismo permitiria às crianças
aprender apenas aquilo que elas aprenderiam por conta própria, de
qualquer maneira. O desafio, a experiência, a descoberta, a atividade
são extremamente importantes para a aprendizagem. Mas não bastam. A
instrução formal não pode ser negligenciada. Sob pena de exigirmos que
cada geração reinvente a roda.
Recomendações de leitura
Richard D. Alexander: http://www.richarddalexander.com/
David C. Geary: http://web.missouri.edu/~gearyd/articles_e.htm
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