Nós vivemos na era
cognitiva, na qual as demandas por desempenho cognitivo, inclusive em
atividades do dia a dia, são crescentes. Um grupo de peritos nomeado pelo
Parlamento Britânico definiu as habilidades relacionadas ao letramento,
aritmética e auto-regulação como formas primordiais de capital mental
(Beddington et al.,2008, Cooper et al.,2010). Ou seja, com as transformações
econômicas e sociais dos últimos anos, com a globalização econômico-cultural e
com o surgimento da conectividade global via internet, as habilidades
cognitivas se transformaram no principal ativo econômico de uma sociedade.
As relaçães entre o
desempenho cognitivo e a integridade funcional de diversos sistemas neurais é o
foco de interesse da neuropsicologia. A neuropsicologia é uma área
interdisciplinar de pesquisa e aplicação que surgiu na segunda metade do Século
XIX (Haase et al., 2012). A neuropsicologia se baseia no pressuposto de
localizacionismo. Segundo o
localizacionismo, os processos psicológicos podem ser analisados em
subcomponentes, sendo que cada subcomponente pode ser afetado isoladamente em
determinadas circunstâncias, uma vez que depende da integridade funcional de
redes neurais relativamente segregáveis. Contemporaneamente, o localizacionismo
é concebido como distribuído através de sistemas específicos porém
geograficamente dispersos por muitas áreas corticais e subcorticais (Mesulam, 1998).
Do ponto de vista
teório, a neuropsicologia contribui para caracterizar a arquitetura cognitiva
no nível da computação de Marr (1982). Isso significa que a neuropsicologia
contribui para a identificação e caracterização dos subcomponentes do sistema
cognitivo. Atualmente, a neuropsicologia formula a arquitetura cognitiva em
termos de representações e processos computacionais.
No lado prático, a
neuropsicologia subsidia o diagnóstico de lesões, transtornos e disfunções
neuropsiquiátircas, bem como sua reabilitação ou intervenção. O pressuposto de
localizacionismo e o método anátomo-clinico adotados na neuropsicologia
auxiliam em primeiro lugar, na definição quanto à existência ou não de alguma
forma de comprometimento cognitivo, se o comprometimento cognitivo é global ou
específico e, caso seja específico, quais são as funções comprometidas e as
funções preservadas.
Dado o seu
envolvimento na análise da integridade funcional do sistema cognitivo, na
identificação do seu substrato neural e no desenvolvimento de estratégias de
promoção da habilitação e reabilitação funcional, a neuropsicologia encontra-se
em uma posição privilegiada para promover o acúmulo de capital cognitivo. Esse
enfoque positivo da neuropsicologia tem sido enfatizado mais recentemente e
reflete a preocupação dos neuropsicológos em contribuir de forma mais postiiva
para o desenvolvimento humano (Randolph, 2013).
A promoção do
bem-estar e do desenvolvimento humanos requerem um enfoque do curso da vida. A
seguir, serão discutidas algumas situações nas quais a neuropsicologia tem
contribuído e pode contribuir mais ainda. O fio condutor serão as três formas
de capital cognitivo identificadas anteriormente, o letramento, a aritmética e
a auto-regulação.
A transição da idade
pré-escolar para escolar inicial é um dos principais momentos nos quais a
intervenção do neuropsicológo é solicitada. As diferenças interindividuais são
o principal preditor do desempenhoe escolar, explicandod e 40% a 60% da
variância no mesmo em países do Hemisfério Norte (Share et al.,1984, Tremblay
et al., 2001). A importância de fatores experienciais cresce com a diminuição
do nível de desenvolvimento humano de huma sociedade (Turkheimer et al., 2003).
Quanto menor o desenvolvimiento humano de um país, maior será a contribuição de
fatores sociais, econômicos e culturais. Estimativas realizadas no Brasil
identificam, por exemplo, que fatores relacionados com a família podem explicar
até 40% da variância no desempenho escolar (Alves, 2010).
Por maior que seja
sua influência, os fatores psicossociais e econômicos não explicam boa parte da
variância no desempenho escolar. P. ex., mesmo nas famílias mais pobres e
socialmente excluidas é observação clinica freqüente que alguns irmãos
apresentam dificuldades de aprendizagem escolar e outros não (Miranda et al.,
2012 ). A ausência de identificação das características individuais que,
associadas a fatores psicossociais, contribuem para as dificuldades de
aprendizagem escolar coloca o indivíduo em uma situação de dupla desvantagem
(Haase, 2012). Prejudicado uma vez por ser pobre, receber pouca estimulação
cognitiva e ter acesso a uma escola de má qualidade. Prejudicado outra vez por
não ter acesso a serviços que permitissem caracterizar de forma mais precisa e
abrangente a natureza de suas dificuldades.
O neuropsicológo é um
perito na identificação de diferenças individuais que possam contribuir para
dificuldades no desempenho cognitivo. A caracterização precisa das diferenças
individuais e a análise da sua contribuição relativamente a fatores
psicossociais, econômicos e culturais de forma mais ampla, contribui de forma
valiosa para o diagnóstico e formulação de estratégias de intervenção
pedagógicas, psicossociais ou farmacológicas.
Os fundamentos
neurocognitivos da aprendizagem da leitura, escrita e aritmética têm sido foco
crescente de pesquisas nas últimas décadas (Ashkenazi et al., 2013, Butterworth
& Kovas, 2013, Rayner et al., 2001). Estamos longe de uma compreensão
definitiva destes fenômenos. Mas o progresso foi tamanho que permitiu o
desnevolvimento de estratégias custo-eficicientes de diagnóstico e intervenção
precoce (Butterworth, 2010, Snowling, 2010). Mas recentemente, as habilidades
de auto-regulação ou funções “executivas quentes” têm sido identificadas como
um pré-requisito importante para o sucesso escolar (Blair & Raver, 2015).
O processamento
fonológico (acesso lexical rápido, memória fonológica de curto-prazo e
consciência fonêmica) foi identificado como correlato cognitivo fundamental
para a aprendizagem da leitura e aritmética (Ashkenazi et al., 2013,
Butterworth & Kovas, 2013, Rayner et al., 2001, Snowling, 2010). No caso da
aritmética, foram identificados preditores específicos de desempenho, tais como
o senso numérico e a habilidade de representação simbólica dos símbolos
numéricos (Ashkeanzi et al., 2013, Butterworth, 2010, Butterworth & Kovas,
2013). A memória de trabalho e a capacidade de postergar a recompensa são
também preditores do desempenho escolar e adaptação psicossocial a longo prazo
(Casey et al., 2011, Mischel et al., 1988).
O potencial da
neuropsicologia para a promoção do capital cognitivo é óbvio no caso de
transtornos específicos de aprendizagem. Apesar de terem uma inteligência
normal, algumas crianças e jovens apresentam dificuldades persisitentes com a
leitura/escrita e aritmética, as quais não podem ser atribuídas a fatores
extra-constitucinais (Tannock, 2013). A persistência dessas dificuldades se
associa a desfechos psicossociais extremamente desfavoráveis, inicluindo
diminuição da renda e psicopatologia internalizante e externalizante (Auerbach
et al., 2008, Parsons & Bynner, 2005). Como, por definição, a inteligência
é normal nos casos de transtornos específicos de aprendizagem, o prognóstico é
favorável quando são realizados o diagnóstico, aconselhamento e intervenções
apropriados.
Mas a neuropsicologia
pode contribuir para promover o bem estar e o desenvolvimento humano também em situações nas quais existe um
comprometimento cognitivo global, como na deficiência intelectual. O diagnóstico
de deficiência intelectual implica em um comprometimento da inteligência geral
(Anderson, 1998). Mesmo assim, o fenótipo cognitivo e comportamental das
diversas formas de deficiência intelectual não se caracteriza apenas por um
rebaixamento geral de habilidades relacionadas ao fator g. Ao contrário, a
variabilidade é muito grande, tanto entre entidades nosológicas quanto no
interior de uma mesma síndrome (Bishop & Rutter, 2009, Goodey, 2006,
Reilly, 2012). A caracterização neuropsicológica mais precisa do fenótipo
cognitivo-comportamental, identirficando perfis diferenciados de
comprometimento e preservação relativa de habilidades cognitivas e
comportamentais subsidia o processo educacional de indivíduos com deficiência
intelectual (Reilly, 2012). Dessa forma, contribui para aumentar sua
eficiência, diminuir a sobrecarga emocional e liberar recursos para outros
domínios do funcionamento.
Foram mencionadas
anteriormente que as habilidades de auto-regulação, ou seja, de postergação da
recompensa são preditoras do desempenho acadêmico e adaptação psicossocial ao
longo do ciclo vital (Shoda et al., 1988, Casey et al., 2011). O envolvimento
com atividades escolares exige que o indivíduo desenvolva a habilidade de
renunciar ao acesso de recompensas menores imediatas, privilegiando o alcance
de recompensas maiores projetadas no futuro. A realização dessa façanha requer
habilidades de representar e manter na memória de trabalho as metas a serem
atingidas futuramente bem como de suprimir impulsos de responder a estímulos
intrinsecamente reforçadores porém irrelevantes.
As habilidades de
auto-regulação são importantes ao longo do curso vital. Mas sua importância é
crucial na adolescência. O desenvolvimento cerebral na adolescência se
carcteriza por uma discrepância entre a habilidade cognitiva crescente de
manter e processar infeormação na memória de trabalho (funções executivas
frias) e dificuldades de tomar decisões considerando suas conseqüências futuras
(funções executivas frias). Esse descompasso é associado à maturação
diferencial dos sistemas dopaminérgicos mesocorticais e mesolímbicos,
respectivamente (Ernst, 2014, Somerville et al., 2010).
O imediatismo
reforçatório e os comportamentos exploratórios são adaptativos na adolescência,
constituindo pré-requisito para a construção da identidade e lançamento no
mundo adulto. Diferenças individuais na capacidade de postergar a recompensa
colocam alguns jovens, entretanto, em situação de risco quanto à sua capacidade
de capacitação educacional, profissional e mocional necessária para o
funcionamento adaptativo na idade adulta (Casey et al., 2011, Shoda et al.,
1988). Mais uma vez, a neuropsicologia pode contribuir, identificando jovens em
situação de risco e contribuindo para o desenvolvimento de estratégias de
intervenção contemplando as necessidades dos jovens por “adrenalina” ou emoções
mais fortes e imediatas mas que ao mesmo tempo contribuam para a aquisição de
habilidades de auto-regulação (Larson, 2000).
O viés da
neuropsicologia são as dificuldades. Mesmo assim, a neuropsicologia pode
contribuir sobremaneira para o desenvolvimento humano. No caso de pessoas com
déficits específicos na aprendizagem da leitura/escrita. Aritmética e na
auto-regulação a resposta é bem direta. Como essas pessoas têm inteligência
normal, o seu prognóstico a longo prazo é normal. Os indivíduos e suas famílias
podem cultivar expectativas de um desenvolvimento típico. O desafio é maximizar
o desempenho e minimizar os efeitos ngetivos, sociais, acadêmico e emocionais
das dificuldades de aprendizagem.
No caso das
deficiências intelectuais a resposta é um pouco mais complexa. O prognóstico é
sempre limitado em função dos déficits na inteligência geral. Mas a autonomia,
funcionalidade e qualidade de vida podem ser otimizadas.E os beneficiários
destes ganhos não são apenas os indivíduos afetados, mas a família como um
todo, os pais, principalmente as mães, e os irmãos. De forma indireta, a
sociedade como um todo acaba se beneficiando da redução do impacto psicossocial
sob a forma de estresse e custos diretos e indiretos.
Apesar do seu foco
nas deficiências, a neuropsicologia pode contribuir para uma agenda positiva,
promotora do desenvolvimento humano. Mas isso exige uma mudança de mentalidade
dos profissionais. Exige a adoção de uma perspectiva do desenvolvimento humano.
Os modelos de processamento de informação da neuropsicologia cognitiva (Temple,
1997) são importantes para o delineamento do perfil de funções comprometidas e
preservadas, auxiliando no diagnóstico de localização e na formulação do
diagnóstico nosológico. Mas a reabilitação exige um diagnóstico ecológico, do
impacto das condições de saúde nos níveis subjetivo, comportamental e
contextual.
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