Pode um indivíduo com dislexia vir a se
transformar em um dos maiores escritores de uma língua?
A resposta talvez seja positiva. Estill (2006)
conta a interessantíssima história do Padre Antônio Vieira (1608-1697). Ele
estudava havia já anos nos Jesuítas da Bahia. E não conseguia aprender a ler.
Estava sendo alvo de chacota dos colegas. Estill (2006, p. 146) cita o biógrafo
Azevedo (1918): “Compreendia mal,
decorava a custo, fazia com dificuldade as composições”. Ainda assim não
desistia nem dos estudos nem de si.
A caminho
dos estudos, os alunos sempre passavam pelo altar de Nossa Senhora das
Maravilhas. Vieira orava muito. Até que um dia, em meio às suas preces “sentiu como estalar qualquer cousa no
cérebro, como uma dor vivíssima, e pensou que morria; logo o que parecei obscuro
e inacessível à memória, na lição que ia dar, se lhe volveu lúcido e fixo na
retentiva. Deu-se-le na mente uma transformação de que tinha consciência.
Chegado às classes pediu para rgumetnar e com pasmo do mestre venceu a todos os
condiscípulos” (Azevedo, 1918, cit. In Estill, 2006, p. 146).
Referência
Estill, C. A. (2006). O estalo de Vieira à
espera da leitura. Revista de Psicopedagogia, 23, 145-151.