Sunday, December 27, 2015

O ESTALO DE VIEIRA

Pode um indivíduo com dislexia vir a se transformar em um dos maiores escritores de uma língua?

A resposta talvez seja positiva. Estill (2006) conta a interessantíssima história do Padre Antônio Vieira (1608-1697). Ele estudava havia já anos nos Jesuítas da Bahia. E não conseguia aprender a ler. Estava sendo alvo de chacota dos colegas. Estill (2006, p. 146) cita o biógrafo Azevedo (1918): “Compreendia mal, decorava a custo, fazia com dificuldade as composições”. Ainda assim não desistia nem dos estudos nem de si.



A  caminho dos estudos, os alunos sempre passavam pelo altar de Nossa Senhora das Maravilhas. Vieira orava muito. Até que um dia, em meio às suas preces “sentiu como estalar qualquer cousa no cérebro, como uma dor vivíssima, e pensou que morria; logo o que parecei obscuro e inacessível à memória, na lição que ia dar, se lhe volveu lúcido e fixo na retentiva. Deu-se-le na mente uma transformação de que tinha consciência. Chegado às classes pediu para rgumetnar e com pasmo do mestre venceu a todos os condiscípulos” (Azevedo, 1918, cit. In Estill, 2006, p. 146).

Referência


Estill, C. A. (2006). O estalo de Vieira à espera da leitura. Revista de Psicopedagogia, 23, 145-151.