Tuesday, February 16, 2016

CURSO DE FÉRIAS DE NEUROPSICOLOGIA 2016

TÍTULO: Como as crianças aprendem? Bases neurocognitivas das ferramentas culturais da cidadania

DOCENTE: Vitor Geraldi Haase

DATA PROVÁVEL: Segunda semana de julho de 2016

LOCAL: FAFICH-UFMG

INSCRIÇÕES: Aguarde

EMENTA: Mecanismos neurocognitivos subjacentes às quatro habilidades escolares básicas que constituem pré-requisito para a cidadania. Importância do conhecimento (hábitos, fatos e conceitos, habilidades e procedimentos) e da memória de trabalho para a aprendizagem escolar. Bases cognitivas dos métodos de aprendizagem cultural (imitação, instrução e colaboração). Limites da abordagem construtivista.

PROGRAMA: Como as crianças aprendem a

Ler e escrever palavras e números
Contar, resolver operações e memorizar os fatos
Compreender textos
Resolver problemas
Por que o construtivismo não funciona?



ARGUMENTO: Nas últimas décadas a escola vem se transformando progressivamente em um instrumento de engenharia social. A educação foi subordinada à causa da “justiça social”. O objetivo de transmissão de conhecimento, do legado cultural de uma geração para outra, foi ficando cada vez mais em segundo plano. O processo educacional corre o risco de se desfigurar em “problematização” das relações de poder, de gênero, de classe, de raça etc. Quando a escola deixa de priorizar a transmissão de conhecimento, os alunos são privados do acesso ao mesmo e, portanto, da sua principal oportunidade de qualificação profissional e ascensão social.

Individuos sem acesso ao conhecimento e habilidades escolares básicas - que não sabem ler e escrever as palavras e os números, que não sabem fazer contas e resgatar os fatos aritméticos, que não conseguem compreender um texto ou resolver problemas aritméticos da vida diária - também não têm acesso à cidadania. São condenados ao clientelismo de programas sociais e à vassalagem a políticos populistas. Paroxalmente, a instrumentalização da educação em ferramenta para a “justiça social” pode ter como efeito colateral justamente o oposto daquilo que supostamente é almejado. Ou seja, a cristalização da desigualdade social.

A relevância das habilidades e do conhecimento para a aprendizagem escolar é apoiada pelas pesquisas em ciências cognitivas: a) As habilidades de decodificação fonológico-ortográfica são uma condição indispensável para a alfabetização e fluência de leitura; b) A compreensão textual depende do vocabulário; c) A leitura enriquece o vocabulário e desenvolve a inteligência; d) A disponibilidade de habilidades e conhecimentos reduz a sobrecarga de memória de trabalho, facilitando o processamento de informação e a memorização; e) A memorização dos fatos aritméticos e automatização dos algoritmos são essenciais para a aprendizagem de formas mais complexas de matemática; f) A resolução de problemas aritméticos verbalmente formulados depende das habilidades de compreensão textual etc.

As crianças adquirem muitas habilidades e conhecimentos de forma espontânea, no contexto da interação social na família e com seus pares. As habilidades aprendidas espontaneamente na interação social são chamadas de biologicamente primárias e podem ser exemplificadas pela linguagem oral e pelo conceito de número. Outras habilidades e conhecimentos requerem, entretanto, instrução mais formal, constituindo o domínio biologicamente secundário. Constituem exemplos de habilidades biologicamente secundárias, a lectoescrita, o sistema numérico arábico, os algoritmos e a resolução de problemas.

As habilidades biologicamente secundárias precisam ser aprendidas de forma epigenética, através de intervenções pedagógicas. Se a pedagogia descuida dos objetivos de ensinar habilidades e conhecimentos, os alunos não adquirem as ferramentas culturais básicas, que lhes permitiriam funcionar em um mundo cada vez mais complexo e desafiador. A análise dos fundamentos neurocognitivos das habilidades escolares básicas auxilia na compreensão dos obstáculos à sua aprendizagem. 

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