Saturday, September 19, 2020

SCAFFOLDING REQUER AVALIAÇÃO E TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO

Estou lendo um capítulo muito interessante sobre princípios cognitivos de intervenção para dificuldades de aprendizagem da matemática (Booth et al., 2017).

O primeiro princípio discutido é o conceito de scaffolding (suporte?), o qual se baseia no conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) de Vygotsky. Segundo Vygotksy a ZDP corresponde ao nível atual de desenvolvimento de um aprendiz e seu potencial para desenvolvimento quando orientado por adultos ou pares.


A idéia de fornecer suporte (scaffolding) preconiza que o adulto desempenhe um papel nas atividades de resolução de problemas da criança, levando em consideração o nível de compreensão da criança. Nas fases iniciais, a quantidade de assistência oferecida é maior. À medida que a criança se torna mais competente, a assistência é progressivamente retirada. Dessa forma, a aprendizagem começa como uma atividade socializada e vai progressivamente se individualizando.

De modo mais formal, scaffolding pode ser definido como qualquer atividade que envolva a modelação de algum comportamento específico, sendo essa modelação progressivamente removida à medida que a criança adquire perícia.

Scaffolding envolve três componentes: a) O processo deve ser contingente ao nível de compreensão da criança; b) O suporte deve ser retirado gradualmente; c) A responsabilidade pela aprendizagem vai sendo gradualmente transferida do adulto para a criança.

Lendo essa discussão sobre scaffolding fiquei com a pulga atrás da orelha. Quer dizer então que, como o suporte deve ser contingente, scaffolding requer avaliação e monitoração constante? A outra pulga que me coçou atrás da orelha, se entendi bem, é que scaffolding envolve algum tipo de transmissão de conhecimento. No início a responsabilidade pela aprendizagem é mais do adulto, mas vai sendo gradualmente transferida para criança. Quer dizer então, que muitas vezes a criancinha não sabem bem nem por onde começar e precisa ter algum conhecimento transferido? O que dizer das situações nas quais o currículo fica muito além da ZDP da criança? O que dizer das crianças que têm algum transtorno de comportamento ou déficit cognitivo?

Ah, já ia me esquecendo, se você está interessado em conhecer um pouco mais sobre o papel que o conhecimento, as limitações no processamento de informação e a motivação desempenha na aprendizagem escolar, uma boa pedida é o livro de Simplício e Haase (2020).


Referência


Booth, J.L., McGinn, K.M., Barbieri, C., Begolli, K.N., Chang, B., Miller-Cotto, D., Young, L.K. & Davenport, J.L. (2017). Evidence for cognitive science principles that impact learning in mathematics. In D. C. Geary, D. B. Berch & K. M. Koepke (eds.) Acquisition of complex arithmetic skills and higher-order mathematics concepts (pp. 297-325). San Diego: Academic.


Simplício, H. A. T. & Haase, V. G. (2020). Pedagogia do fracasso. O que as ciências cognitivas têm a dizer sobre a aprendizagem? Belo Horizonte: Ampla. (https://sapiens-psi.com.br/index.php?_route_=pedagogia-do-fracasso&search=pedagogia%20do%20fracasso)

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